20 de dezembro de 2004

Na sala não...

- Amooor...
- Nem vem. Na sala eu não quero.
- Porque não?
- Porque não.
- “Não” é resposta?
- É.
- “Não” não é resposta.
- É sim, é a minha resposta: Ene-a-o-til! Não!
- Chata.
- Nem adianta.
- Você também viu? Intransigente.
- Eu? Era só o que me faltava. E você desastrado.
- Por favor, amor...
- Tira a mão daí. Já disse que na sala não.
- Se eu soubesse o porquê dessa frescura toda eu até aceitava.
- Você não tem que aceitar nada meu querido, eu já decidi. Na sala eu não quero mais.
- Ah você lembra daquele dia aqui na sala, não é?
- Que dia? Aquele que sua empolgação quebrou a nossa mesinha de centro? Lembro...se lembro! Me passa o telefone por favor, tenho que ligar pra minha mãe.
- Eu aqui falando de uma coisa tão... tão... ah você sabe, e você quer falar com sua mãe?
- Tão o quê? Ficou tímido de uma hora pra outra? Há um minuto atrás você não estava tão tímido assim... Se é que você me entende.
- Sem ironias tá? Você sabe que tem gente lendo esse texto.
- Vixe, tá todo mundo vendo o fora que eu tô te dando é? Coitadinho...
- Quem tá me dando fora aqui? Você é minha esposa. Se você não quer na sala, em algum lugar vai querer.
- Vou querer? E se eu nunca mais quiser?
- Você não faria isso comigo...
- Porque não?
- Porque você me ama? Olhe o que você vai responder...
- Eu te amo.
- Tá vendo.
- Como amigo.
- Nosso amor é coisa séria, não brinque com isso menina.
- Não me chame de menina.
- Por quê? Será que minha menina fica tão sensível quando eu a chamo assim, é?
- Não fico sensível nada.
- E porque sua perna tá toda arrepiada minha menina... Acho que esses pêlos estão querendo me dizer alguma coisa.
- Querem dizer que eu estou com frio. Dá pra tirar essa mão grande da minha perna? Quero assistir à novela.
- Engraçado, não me lembro do Jô Soares estar fazendo uma novela.
- Não suba essa mão.
- Por quê?
- Não sobe, por favor...
- Não consigo... Deixa vai...
- Na sala não...
- Na sala sim...
- Se você... Não... não faz isso... Na sala não...
- Na sala sim...
- Mas eu escolho a posição dessa vez. Pra evitar acidentes.
- Ei, acabou o texto tá? Vê se não fica aí segurando vela e comenta.


Homenagem a um casal irresistível...

Ass: Karine ( Muito cheia de coisa pra estudar, feliz da vida por ter falado com Pablo ontem (os 25 minutos mais felizes nesses últimos meses) e com 740 slides (acho que escreve assim) pra estudar, merda, pra decorar. E eu ODEIO decorar. Orem por mim. Pablo, me aguarde!)

8 de dezembro de 2004

Os Três Porquinhos (Contado por um Engenheiro)

Só pra comemorar minha formatura (quer dizer, assim espero):

Dados três porquinhos genéricos: P1, P2 e P3 e um Lobo Mau, por definição, LM, que vivia os atormentando. P1 era sabido, fazia Engenharia de Automação e já era formado em Civil. P2 era arquiteto e vivia em fúteis devaneios estéticos absolutamente desprovidos de cálculos rigorosos.P3 fazia Comunicação e Expressão Visual.

LM, na Escala Oficial da ABNT para Medição de Maldade (EOMM), era Mau nível 8.75 (arredondando a partir da 3a casa decimal). LM também era um mega-investidor imobiliário sem escrúpulos e cobiçava a propriedade que pertencia aos Pn (onde n é um número natural entre 1 e 3), visto que era de boa conformidade geológica e configuração topográfica, e ficava perto de um Shopping.

Mas, nesse promissor perímetro, P1 construiu uma casa de tijolos, sensata e logicamente planejada, toda protegida com mecanismos automáticos. Já P2 montou uma casa de blocos articulados feitos de mogno que mais parecia um castelo lego tresloucado. Enquanto P3 planejou no Autocad e montou ele mesmo, com barbantes e isopor como fundamentos, uma cabana de palha com teto solar, e achava aquilo "o máximo".

Um dia, LM foi até a propriedade dos suínos e, encontrando P3, disse: - Uahahhahaha, corra, P3, porque vou gritar, e vou gritar e chamar o Conselho de Engenharia e Construção Civil para denunciar sua casa de palha projetada por um formando em Comunicação e Expressão Visual.Ao que P3 correu para sua amada cabana, mas quando chegou lá os fiscais do Conselho já haviam posto tudo abaixo.Então P3 correu para a casa de P2. Quando chegou lá, encontrou LM à porta, batendo com força e gritando: - Abra essa porta, P2, ou vou gritar, gritar e gritar e chamar o Greenpeace, para denunciar que você usou madeira nobre de áreas não-reflorestadas e areia de praia para misturar no cimento.Antes que P2 alcançasse a porta, esta foi posta a baixo por uma multidão ensandecida de eco-chatos que invadiram o ambiente, vandalizaram tudo e ocuparam os destroços, pixando e entoando palavras de ordem.Ao que P3 ergue P2 e os dois correm para a casa de P1. Quando chegaram na casa de P1, este os recebe e os dois caem ofegantes na sala de entrada. P1: - O que houve ? P2: - LM, lobo mau por definição, nível 8.75, destruiu nossas casas e desapropriou os terrenos. P3: - Não temos para onde ir. E agora, que eu farei ? Sou apenas um formando em Comunicação e Expressão Visual. Tum-tum-tum-tum-tuuummm!!!! (batidas à porta)

LM: - P1, abra essa porta e assine este contrato de transferência de posse de imóvel, ou eu vou gritar e gritar e chamar os fiscais do Conselho de Engenharia. Como P1 não abria (apesar da insistência covarde do porco arquiteto e do.. do... "comunicador e expressivo visual" ?), LM chamou os fiscais, e estes fizeram testes de robustez do projeto, inspeções sanitárias, projeções geomorfológicas, exames de agentes físico-estressores, cálculos com muitas integrais, matrizes, e geometria analítica avançada, e nada acharam de errado. Então LM gritou e gritou pela segunda vez, e veio o Greenpeace, mas todo o projeto e implementação da casa de P1 era ecologicamente correta. Cansado e esbaforido, o vilão lupino resolveu agir de forma irracional (porém supercomum nos contos de fada):ele pessoalmente escalou a casa de P1 pela parede, subiu até a chaminé e resolveu entrar por esta, para invadir.Mas quando ele pulou para dentro da chaminé, um dispositivo mecatrônico instalado por P1 captou sua presença por um sensor térmico e ativou uma catapulta que impulsionou com uma força de 33300 N (Newtons) LM para cima.

Este subiu aos céus, numa trajetória parabólica estreita, alcançando o ápice, aonde sua velocidade chegou a zero, a 200 metros do chão.

Agora calcule, admitindo que a gravidade vale 10m/s² : a massa de LM; o deslocamento no eixo x, tomando como referencial a chaminé; a velocidade de queda de LM quando este tocou o chão;
e o susto que o Lobo Mau teve.


Recebi de Antônio Quadros.

Karine

7 de dezembro de 2004

Cheirinho de pão

"Quando eu morava com meus pais, lá naquela cidadezinha, todos os dias eu ia à padaria, todo dia no mesmo horário. Na verdade eu nem sabia qual era a hora no relógio. Só sei que quando sentia o cheiro de pão era a hora. A padaria ficava há poucos metros da minha casa e esse cheiro perfumava todas as minhas tardes, exceto os domingos.

Pense num dia sem cheiro! Era o meu domingo. Tudo bem, que as massas que minha mãe fazia perfumam a manhã. De vez em quando, à tarde eu ia ao parque e sentia o cheiro das rosas, de algodão-doce, de pipoca, de menino suado brincando de bola. Não era a mesma coisa. E quando chegasse aquela hora? Aquela hora que eu não sabia qual era? Sentia tanta falta daquele cheiro de pão fresquinho...

Todas as tardes eu dormia na rede, enquanto ouvia baixinho minha mãe, que cantarolava uma musiqueta qualquer pra meu irmão, dessas pra criança dormir. Então sentia o cheiro de todas as tardes mais uma vez. Quase que mecanicamente, levantava, pegava umas moedas que ficavam no cinzeiro de prata da sala e saia.

Quando eu era menino, menino de tamanho pequeno, minha mãe sempre me perguntava onde eu estava indo. Eu respondia com ar de menino que pensa que já é homem e que já pode comprar pão sozinho e que já sabe atravessar a rua e que já sabe obedecer a fila e fazer o pedido e que “já sei, minha mãe conferir o troco”. Mas ainda era um menino de tamanho bem pequeno e minha mãe de cabeça de mãe não me deixava ir. E eu sonhava em ser menino de tamanho grande pra poder comprar pão. Quando fiquei quase homem já podia comprar o pão sem ninguém me impedir e não precisava nem avisar. Quem avisava era o cheiro de pão que vinha lá da padaria.

O tempo passou. Hoje sou médico. Casei com uma médica e moro numa cidade grande. Moro num apartamento, acesso a internet, compro legumes enlatados. Quem arruma tudo é Dona Sílvia, muito boa empregada. A agência que escolheu. A babá, Cristina, fica o tempo todo com nosso bebê. Foi o nome dela que ele falou primeiro. É, ele está crescendo rápido, um dia desses só mamava e chorava. A gente almoça junto só no domingo, num restaurante aqui perto, que minha esposa não sabe cozinhar. Mas o bebê não vai, que é pra não fazer sujeira. Não gosto de sujeira de criança. Durante a semana, a gente come qualquer coisa no hospital.

Às vezes, no fim da tarde, eu sinto falta de alguma coisa. Mas não sei o que é. É quando estou contando o quanto ganhei naquele dia. Coloco uma música clássica e fico lá na minha sala fechada, curtinho meu ar-condicionado, meu incenso importado. Não consigo lembrar o que é. Mas dura pouco essa nostalgia, pois é logo substituída pelo orgulho de ver minha conta bancária crescendo.


Minha vida parece ser tão perfeita. Do que será que sinto tanta falta?"


PS1: Eu sonhei com esse homem numa noite que dormi pensando como seria a minha vida depois da minha formatura, no próximo dia 26 de fevereiro. No sonho eu estava com uma dor de cabeça e ele me contou essa história enquanto examinava meus pés. Só não sei pq ele examinava meus pés se a dor era na cabeça...

PS2: Desculpa tantos posts é que estou no fim do semestre e não sei quando poderei postar novamente.

Karine

Karine por Karine

Nome:
Karine Pimenta França (Pimenta de minha mãe, França de meu pai. As pessoas dizem que eu sou uma pimenta, mas eu não sou. Pelo menos não na maioria das vezes. Acho que falam isso porque eu sou um pouco inquieta, às vezes palhaça. Eu adoro rir. Adoro. E de mim então. Quando eu era criança, eu era bem mais palhaça e meu apelido era pimentinha. Hoje, só os meus amigos daquela época (será que são amigos ainda?) me chamam assim. E fica aqui registrado que eu DETESTO esse apelido e qualquer um que se origine dele, tipo: Piu ou Piukinha, esse eu tenho verdadeira ojeriza. Piukinha? Fala sério).
Apelido:
Apelido não, apelidos. Porque cada um me dá um diferente e cada um mais ridículo que o outro. Tá, tá, alguns eu gosto. A maioria da ínfima população que sabe da minha existência me chama de Karine mesmo e eu não gosto. Gosto mais que certos apelidos, mas não gosto. É muito formal. Parece reclamação. Dependendo do amigo e da proximidade do mesmo, o apelide, como dizia minha bisa, muda. Por exemplo, as meninas que moram aqui em casa, que são minhas melhores amigas, me chamam de Pi. Esse apelido, na verdade verdadeira, não surgiu de Pimenta mas de Piranha. É sério. Mas era uma brincadeira minha e de Paula. Mas como nem todos entenderiam a gente melhorou e ela passou a me chamar de Pi. Como parece que é de Pimenta, pegou. Eu adoro. Quem eu não tenho tanta intimidade mas que tem algum carinho por mim me chama de Kari. Na verdade é o que eu mais gosto. This (Thaís, This é apelido) , que faz parte desse do rol de amigas íntimas, me chama de Bidu. Ela é exceção. Todo mundo que ela gosta, chama de Bidu: homem ou mulher. Eu também gosto. Quando ela me chama de Karine, alguma coisa aconteceu e aí sai de baixo. Pablo, meu querido Pablo me chama de meu anjo. Nem precisa dizer que eu adoro. Minha irmã, quando não me chama de Kari é neguinha. Mas esse último é só quando a gente está longe, o que é uma constante porque eu moro em Feira e ela em Ilhéus.

Mainha e Painho:
Minha mãe se chama Nely e meu pai Zéu (José Carlos) e eles são separados. Sem drama, a gente já superou. Quer dizer, a gente acha que sim. Os psicólogos diriam que minha carência é reação a essa separação. Minha mãe é formada em dois cursos, Técnicas Comerciais (nem existe mais esse curso, rsrsrs) e História (ela nunca ensinou história, nem sei pra quê fez). É professora aposentada, mas continua ensinando. Minha mãe é aquela professora rigorosa mas que todo mundo adora e a cidade toda conhece. Adora arte. Será que é por isso que ela ensina Artes? rsrssrs. Gosta de teatro (assistir e atuar), festas (arroz de festa, está em todas e isso inclui Carnaval), praia e namorar. Minha mãe aparenta ter 20 anos menos do que a identidade acusa. Mas essa acusação é um sigilo absoluto. Posso até dizer que ela toma sol no fundo do quintal mas jamais posso revelar sua idade. Ela me mataria. Meu pai adora o Botafogo e beber. Aliás, foi por isso que meus pais se separaram. É muito engraçado e o jeito dele falar me lembra Roberto Carlos.
Minha irmã:
Engraçado, eu sou fã dela e ela é minha fã. Mas eu não sou minha mesmo e ela acho que também não é muito fã dela. Por isso ela é sempre uma pessoa que me coloca pra cima e me faz muito feliz. É linda. Linda, loira de olhos azuis, mais alta que eu e é magra. Somos em tudo diferentes. Tudo, por dentro e por fora. Mas somos parecidas no que queremos da vida, no homem que achamos perfeito (e a gente sabe que esse homem aí não existe). Temos quase o mesmo gosto no que tange a comida e somos duas formigas. Apesar de que Jamile, meu amigo, é um saco sem fundo ou como dizem, boa de garfo. Eu amo muito minha irmã, mas ela mora em Ilhéus, faz Enfermagem lá. A gente se vê pouco...Sinto muita falta dela.
Avós:
Só não tenho mais o pai de meu pai. As minhas duas vós, Tereza e Lili, são cozinheiras de mão cheia. Devo meus quilos a mais aos pratos ma-ra-vilho-sos das duas. O licor de Dona Lili é famoso em SAJ e minha vó Tereza é a pessoa mais bem disposta que eu conheço, dorme e acorda com as galinhas.
Amigos:
Já falei um pouco deles. Paula e Tai são hoje (porque eu não sei o que a distância vai fazer com essa amizade no ano que vem quando a gente formar, buááááá) as minhas amigas queridas. Tem Priscila, Mil, Aline e Eliézer que também amo.
O que mais gosto:
Gosto de muita coisa. Mas tudo que me faz rir e gritar de susto eu adoro. Tipo, conversar e cinema. Gosto também de ouvir música e dançar, apesar de só dançar (por enquanto) em casa (salvo raríssimas exceções). Cozinhar e ver os outros comendo o que eu faço é outra coisa que me deixa muito feliz. Ilha de Itaparica e Farol da Barra. Shopping e almoço de domingo na casa de minha vó Tereza. McCheddar e OvoMaltine do Bob´s. Filme de suspense e de criança (filme de criança não, Procurando Nemo, só esse. Assisti 4 vezes). Ah, não podia esquecer que eu não vivo sem internet, não é? MSN tem me rendido muitas alegrias e conversas inteligentes. E também, me aproximado de muitas pessoas que eu amo e estão longe. Como Pablo que só passou a ser o que é pra mim hoje, quando foi morar no Pará. Umas das pessoas que mais admiro e amo no mundo. (Volta logo que eu tô doida pra pagar minha promessa, rsrsrsrs.) Com o MSN posso conversar com minha priminha linda, Tiana e Fabrício (o amigo virtual mais doce e gênio que eu tenho). Mas o que eu mais gosto é de carinho. Cafuné, uma ligação inesperada, uma mensagem, um e-mail de alguém distante, um abraço, um beijo na testa, um beijo apaixonado... Da família, dos amigos, do amor... Carinho de qualquer lado me ganha.
O que não gosto:
Não gosto de me sentir sozinha e não gosto de cebola crua. Não gosto de soberba e alcoholic drinks. Tenho nojo de homem safado e indecente e meus ouvidos não aceitam de maneira nenhuma palavrão (exceção para Marco Aurélio, que até xingando é um gênio). Homem que trai não quero nem como amigo e os que o fazem e ainda por cima são casados, dispenso até conhecer. Não me obrigue a fazer nada, eu detesto, assim como acordar cedo (mas isso não tem jeito, eu vou ser engenheira e vou ter que trabalhar as 7). O sentimento que mais me revolta é o preconceito: racial, social, estético e religioso. Não me rotule, se eu não arrumei minha cama hoje não significa que eu costumo fazer isso todos os dias.
O amigo perfeito:
Amigo perfeito? Jesus vale? Porque só ele pode ser um perfeito amigo. Mas humanamente falando, o amigo ideal seria aquele que me visse como sou e não como ele quer que eu seja. Que não acredite em tudo que ouve, a menos que eu confirme. Que perceba quando eu esteja triste e que entenda que nessas horas eu gosto de ouvir uma palavra de conselho, mesmo que minhas palavras digam que eu quero ficar sozinha. Tai entendeu isso. Quando eu estou triste na sala, lendo a Bíblia (nessas horas a Bíblia é uma desculpa pra que eu possa chorar. Ta triste Kari? Não, só me emocionei lendo a Bíblia. Uma bela desculpa, não é?) ela sabe que na verdade eu queria uma palavra, alguém que simplesmente esteja interessada no que eu estou sentindo. Amigo perfeito pra mim é assim. Amigo.
O homem perfeito:
O homem perfeito não existe. O que existe é aquela pessoa que consegue reunir quase todas as peças do quebra-cabeça que é a nosso coração. Consegue satisfazer a gente em quase tudo. Que é tão maravilhoso que parece que é perfeito. Mas chega um dia que você percebe que ele esquece de dar a descarga às vezes e quando você chega do trabalho vê aquela coisa toda lá. Você está no trânsito doida pra chegar em casa e dar um beijo de língua no homem que você pensa ser perfeito, que você ama. Quando você entra no banheiro a perfeição dele se resume ao que você vê no vaso. É assim mesmo, a gente só tem que entender que ninguém é perfeito toda hora, em tudo.Mas não posso deixar de dizer o que me atrai num homem. Ressaltando que os poucos homens que eu me relacionei (infelizmente foram poucos) não tinham muito do que me atrai. Não me pergunte por quê. Eu gosto de homens inteligentes, esse quesito supera a beleza. E se for inteligente e engraçado, ele pode ser até parecido com o ET do Gugu. Ah, agora o ET é da Record. Em relação ao físico, eu não gosto dos magros e musculosos, criador de pitbull. A cor tanto faz, mas eu adoro cabelo liso. Prefiro com pouco pêlo, sem barba, sem brinco. Mas acho que abro uma exceção pra pircing, contanto que não seja naquele lugar. Gosto de atitude, que escolham o lugar, a comida na maioria das vezes. O tipo que “O que você escolher tá bom amor...” não me agrada nem um pouco.

PS: Desejo ardentemente que você venha passar as férias na Bahia. Realmente, eu não sou profissa na arte de escrever, como vc é.


1 de dezembro de 2004

Um dia bem azedo

Um dia bem azedo

A funcionária da clínica me disse que eu não me atrasasse para a consulta: “12:00 viu? Doze em ponto!” E me olhou com a cara de que tinha certeza que eu não ia chegar na hora e que ela iria me jogar na cara depois. Sabe que horas eu fui atendida? 13:00, treze horas da tarde em ponto.Como é que se marca uma consulta 12:00? Isso é hora de almoçar. E eu deveria estar na minha casa agora, almoçando e estou aqui numa clínica vazia (claro, ninguém aceita uma consulta uma hora dessas!). Deveria ter jogado na cara dela o atraso de uma hora, mas a bendita está grávida.

Com aquelas blusas de organza e com o umbigo pulado pra fora. Parecia até que ela tinha engolido um umbu, num desses rompantes de desejo que as grávidas têm, e que o estômago rejeitou aquele azedume e tentava colocá-lo pra fora de qualquer jeito. O pior é que provavelmente eu vou ter um umbu no meio da barriga um dia. Por isso não falei nada a ela. Também foi só por isso.

Cheguei da consulta há alguns minutos. Cansada, suada, menstruada. Ah, esqueci de mais um detalhe: cansada, suada, menstruada e gorda. Hoje eu tive a constatação médica de que estou gorda. Na linguagem da médica:
-Você está, com o que chamamos de “obesidade leve”.

Acho que eles não chamam a gente de gorda porque estão recebendo pela consulta. Atentem para o “estou” gorda porque eu não SOU gorda. Gorda é a Sílvia Popovich que já beira os 50, sei lá, e ainda está gorda por esse tempo todo. Eu só tenho 5 anos gorda. AAAAHHHHH! O quê? Eu já tenho cinco anos nisso? Meu Deus, quantas calças tamanho 38 eu deixei de vestir? Quantos pedidos de casamento? Quantas flores, carros, jóias, fazendas e apartamentos eu deixei de ganhar? Poxa!!! Podia ter alegrado a vida de muitos rapazes. Por trás desse monte de banha provisório, existe uma escultura da natureza. Pelo menos era assim antes.

Pra se entender a situação, hoje é sexta feira e a médica entra de férias hoje. Eu fui a última paciente de uma sexta feira (o que já compromete a qualidade da minha consulta) e a última paciente antes das tão esperadas férias da tal médica (o que compromete a qualidade e a duração da minha consulta.) Consulta? Aquilo não foi uma consulta, foi um interrogatório, tipo filme policial.

Primeiro, o constrangimento de medir minha altura (1,52m, e eu que me exibia dizendo pra todo mundo que tinha 1,53m. Droga!). Depois me fez tirar a roupa só pra medir a bendita da minha barriga que cresce a cada panela de brigadeiro que eu como. Por último, sentenciou meu estado de “obesidade leve”, baseado no meu Índice de Massa Corpórea = 31 e muitos e numa tabela preconceituosa que me dizia que meu peso mínimo é 48 kg e meu máximo é 58kg. Oras, 58kg! Quem essa tabela pensa que é? Mal me conhece e já me obriga a perder 15kg! A bondosa da médica me acalmou dizendo que o ideal seria pesar 60kg. Ufa! Agora só preciso perder 13kg. 13kg, é quilo que não acaba mais. Significa privação por no mínimo três meses e mais exercícios para manter. Ou seja, o fim de uma vida de regalias gastronômicas.

Durante a consulta ela falou ao telefone e se eu entendi bem, era a linda filha dela que eu via nas muitas fotos de família espalhadas pelas estantes do consultório. Na ligação ela falava que estava atendendo a última paciente – no caso eu – e que não ia demorar - e eu tinha razão que aquela “consulta” ia ser mais rápida que um espirro. Por isso me senti um ladrão de galinhas, sem direito a um “adevogado” e com a sentença decretada sem dó nem piedade, sem a mínima chance de defesa e numa rapidez que nem deu tempo de abrir o berreiro e contar a ela das agruras de se fazer um regime, ainda mais pra perder 13kg. Não teve choro, nem vela: - Você tem que emagrecer 13 kg.

Adeus panelas e mais panelas de brigadeiro... By the way, vamos mudar o nome desse blog? Que tal, Panela de alface? Não, muito verde. Travessa de ricota? Muito branco. Café com Zero Cal? Não, não vamos fazer propaganda. Deixovê... Tem que ser um nome representativo... Que traduza essa nova fase... Já sei:

Eu ODEIO fazer regimeeeeeee!!! Perfeito esse nome. Perfeito.

Karine

26 de novembro de 2004

Resto

Dia desses estava na cantina esperando o horário da minha aula. Vi uma mulher que já vinha observando há meses. Ela estava sempre muito suja, vestida com trapos e muito, muito malcheirosa. Por vezes eu pensei: “Poxa, será que ninguém vê que essa mulher não pode ficar aqui na cantina. Que fedor! Que nojo!”. Sabia que não era funcionária da cantina. Mas ela passava pelas mesas e recolhia os copos plásticos, guardanapos, latinhas de refrigerante. Não entendia o porquê daquela atitude até este dia. Estava conversando com uma amiga sobre nem me lembro mais. Isso pouco importa diante do que os meus olhos veriam segundos depois. Será que assuntos como final de semestre, provas, formatura, sexo, rapazes e casamento são mais importantes que o problema social que acabaria de presenciar? Será que minha vidinha mesquinha diante de uma sociedade mais ainda, é mais importante que aquilo? Aquilo. É assim que o mundo vê o que eu vi. O que vi e senti como se fosse culpa minha e da minha amiga. Que nem reparou, porque ela continuava a falar “coisas sobre o céu, a terra, a água e o ar” enquanto meu olhar filmava tudo como um repórter com sede de denunciar ao mundo o que ele fazia com seus “cidadãos”. A mulher passou por nós duas e sentimos, mais uma vez, o fedor que aquele corpo, já velho, exalava. Ambas fizemos cara de meu-Deus-que-fedor, juntamente com todas as demais pessoas que estavam perto. Enquanto eu não mais prestava atenção na minha amiga, a senhora fez o que sempre fazia. Recolheu os restos das mesas e levou-os ao lixo. Voltou e eu continuava a segui-la com meus olhos curiosos e preconceituosos. Talvez tenha até escondido o celular que segurava nas mãos. A dúvida acerca do porquê que ela fazia aquilo ainda me prendia àquela cena. Olhava aqueles olhos que eu não conseguia entender. Por vezes pensei que ela fosse louca. Sei lá. Apesar da aparência fétida, era educada com todos e sem dúvida solícita. Quem trabalharia assim por nada? No que ela voltou de jogar o lixo fora, passou numa mesa perto de nós e dessa vez pegou apenas uma latinha de Coca. E diferente do ato anterior, ao invés de jogá-la fora, caminhou para um pouco longe da cantina e quando já estava fora da visão de muitos levou à boca o resto, que eu nem sei mais se tinha. Assim, naturalmente como se fosse ela mesmo que tinha comprado.Naquele dia entendi que ao ajudar os funcionários da Cantina do “pastor” (belo nome não é?) ela buscava em cada resto, um pouco de alimento para saciar a fome de não sei quantos dias. O resto para o resto do mundo. Será que os meus olhos eram mesmo “como um repórter com sede de denunciar”? Ou será que nada mais eu faria além de passar apenas alguns minutos, se muito fosse, pensando como seria difícil a vida daquela mulher? Hoje, depois de tantos dias passados do ocorrido, ainda a vejo na cantina fazendo a mesma coisa. Hoje, depois de tudo, nada fiz. E talvez nada faça se ainda hoje não mudar a apatia que é a minha vida. No que diz respeito ao meu papel como futura engenheira e cidadã na sociedade em que vivo. Apatia que contamina e cega pessoas como eu, minha amiga, as pessoas da cantina, da Universidade e das cantinas e Universidades do mundo. Apatia que nos cega e mata de fome os que não estudam em universidades, que não vão ao Multiplex, que não conhecem o BicMac, que não compram carro, que não usam o MSN, que não usam xampoo , que não usam talheres, que não almoçam na casa da vó, que não têm vó, nem mãe, nem pai, nem nada, que não sabem ler, que dormem no chão, que no frio sentem frio, que no calor não compram uma água mineral, que no aniversário choram, que no Natal pedem, que meio-dia nada comem ou que numa tarde como aquela comem restos.E você? Será que percebe o que acontece ao seu redor? Na sua rua, no seu bairro, na sua cidade? Ou será que percebe e faz como eu? Que vê, sente, mas só permanece absorto em pensamentos que não se transformam em ações, em nada?


Karine

25 de novembro de 2004

Grávida?

Nem bem eu entrei na Universidade e já dei de cara com uma greve. Aqui na Bahia, Greve em Universidades públicas é um poço escuro e você nunca sabe quando vai cair nele. Pode ser no início do semestre quando você acabou de voltar das férias. Quem sabe na última semana quando você tá doido para ir embora? Mas o pior é quando é no seu último semestre. Eu já estou no último semestre e há rumores de greve no ano que vem. Os grevistas que me desculpem, mas ainda bem.
Mas quando eu era ainda caloura, no sentido de que eu não tinha feito Fenômenos (matéria do 6º semestre), eu peguei uma greve. Tudo bem, antes que alguém fale, eu não sou contra greve. Afinal, através delas os estudantes e trabalhadores alcançaram e alcançam muitos benefícios. Mas que greve é um saco é. O governo deveria consertar as coisas antes que pensassem em fazer uma. Mas as coisas aqui são assim. Quem não chora, não mama.
Como eu moro em outra cidade, liguei para minha mãe e avisei que estava voltando e o motivo. Pronto, sem problemas. Liguei pra meu pai (percebe-se que meus pais são separados) e disse:
- Pai tô de greve.
- Tá o quê menina?
- Isso mesmo que o senhor ouviu.
- E você fala assim nessa calma?
- Oxe, o senhor quer que eu fale como?
- Karine!
- Meu pai, tem coisa mais normal que isso?
- Normal pra quem?
-Meu pai que cabeça de velho é essa? Isso acontece aqui sempre. Não vê na televisão não?
- Claro que eu vejo. Mas com você?
- Meu pai que besteira. Que alarme por causa de uma coisa tão simples.
- Eu não tô acreditando...E agora? E a Universidade? E seu sonho? Você vai fazer o quê?
- Fazer o quê? Voltar pra casa e esperar.
- Não é possível. Com quem foi Karine?
- Que pergunta! Ora, com a Universidade toda. Claro que tem gente que não quer participar e não faz. Mas a maioria que eu conheço participou.
- O quê? Karine, você não era crente?
- Era não meu pai, sou. Meu pai o que é que ser crente tem relação com isso? Eu hein? O senhor bebeu?
-Você tá grávida e nem sabe de quem é e eu é que bebo?
- Hãn? Grávida? Eu disse: eu tô de GREVE!.
- Ah, Greve...Que susto.

Karine

4 de outubro de 2004

Para o homem mais HOMEM que eu conheço.

Quem escreve esse post é Karine [ ex fã de Marco Aurélio, sempre-eternamente fã de Fabrício e apaixonada por Pablo, um amor platônico, diga-se de passagem. Já que o pessoal lá do Pará, resolveu levar esse homem, omodeuso, pra longe dos meus olhos, dos meus ouvidos, da minha boca, ahahaha, é brincadeira. Se bem que eu nem queria assim, que fosse só uma brincadeira.]
Acabei de ler esse e-mail dele:

“Fique bem, meu anjo. Eu nem lembrava que tinha escrito aquela mensagem deano novo pra você. Li e reli algumas vezes. Ainda hoje eu concordo com cadavírgula dela.Beijo no sorriso mais lindo que eu conheço hoje.Pablo”

Eu fico pensando como é que certas pessoas tem esse poder de alegrar de forma escandalosa o dia de alguém. Quando eu li “ ainda hoje eu concordo com cada vírgula dela” eu suspirei tão profundamente que acho que fiquei até zonza. E nesse mundo de bilhões eu tive o prazer (ahahah, eu tô brincando com fogo) de conhecer esse homem que com algumas palavras, que nas mãos da maioria das pessoas são apenas palavras, mas que escritas e arrumadas de forma tão incrível por suas mãos, são uma verdadeira canção. E eu me pergunto se existem outros Pablos...Tomara. Eu quero um. Pq hj, Pablo pra mim, é sinônimo de HOMEM. Em todos os sentidos e como todo homem deveria ser.

30 de setembro de 2004

Não resisti.

Eu nem pedi permissão, mas toda vez que alguém me machuca eu leio esse e-mail...Como é que a gente não se apaixona por alguém assim. E ainda por cima é lindo de morrer. Ai ai...


"Feliz Natal pra você também, meu anjo, e um 2004 repleto de alegrias
(mensagenzinha nada original, mas sincera, é o que importa, porque, quando a gente gosta de alguém, até a frase mais banal é dita carregada de sentido, e o que eu desejo é verdade, porque você merece toda a felicidade que este mundo puder oferecer, porque você é simplesmente adorável demais para ser ignorada, doce demais para ser sentida de uma vez só, suave demais para ser absorvida de um só trago, Kari, você é para ser degustada aos poucos, como um doce que a cada mordida fica ainda mais gostoso, é o que eu te desejo, meu anjo, que mais e mais pessoas participem do seu processo de ser feliz, que possam sorver a maravilha que você é sem pressa e com todo o prazer, eu te desejo toda a felicidade que você puder carregar consigo, toda a felicidade que cabe em você e nesses parênteses).

Te adoro.

Pablo"

Ass: Karine ( mais metida ainda)

28 de setembro de 2004

Ufa...

Esse nome foi uma quase sugestão de Aline. Quase pq ela sugeriu tacho. Mas a gente nem come brigadeiro em tacho!Eu nem sei como é um tacho de verdade e nem sei se é com ch ou com x. Achei melhor panela. Eu pensei em SAMERDA. Já que depois q eu introduzi (uia) esse palavrão lá em casa (encontrado por arqueólogos no Morrão, nos escritos do reconhecido JMC) virou jargão. Mas aí não ia pegar bem p gente, né meninas?

Mais um pedacinho...

O bom mesmo é q a gente vai poder colocar tudo q quiser e poder falar mal dele quando ele merecer e se rasgar em elogios quase sempre. Tá, tá, eu sei que só eu é que sou assim...

Não consigo colocar muita coisa.

Bem, esse cantinho aqui é só nosso. Tá bem patricinha essa frase aí. Ah, Marco Aurélio não vai riliar da gente mesmo.

PS: Riliar, pra quem nunca morou em Santo Antônio, significa zombar.

Mais uma coisa.

AHHHHHHHHHHHHHHHHHH

Sei lá.

Tô meio sem ânimo pra escrever aqui. Sem incentivo. Aliás a good idea de fazer um blog foi minha mesmo, então só posso esperar que Karine Pimenta faça pedidos de posts novos. A idéia é essa.

17 de setembro de 2004

Boas notícias.

PS:Muita gente deve conhecer e outras gentes não. Mas o fato é que eu conheço o JMC e que Marco Aurélio está vindo pra Bahia em Outubro. Pronto.




15 de setembro de 2004

10 de setembro de 2004

Tá muito confuso isso aqui.

Não tô nem sabendo postar quanto mais.

Rumo à casa dos 74 kg!!! Desce, gráfico, desce!!!