2 de julho de 2005

Heitor e a professora

Desde o princípio, eu já sabia que não ia suportar aquela professora: alta, magra, seios minúsculos, cabelos lânguidos e mais negros que o café forte que eu costumo tomar às 5:30 em jejum, cotidianamente como se fosse uma prece matinal.

Esse costume de galo de roça eu adquiri aos 5 anos, quando, por uma doidice de um despertador novo comprado no camelô, acordei assustado sem saber onde estava e nem mesmo qual era meu nome, tal foi o susto. E ainda por cima acordei pensando que estava cego. Minha mãe inventou de mudar a posição da minha cama e eu, que acordava sempre com um danado de um raio de sol que se espremia na fresta da minha janela e me atingia na cara como se fosse um raio laser de um ET, acordei nesse fatídico dia com o branco de fora a fora da parede. Custaram-me alguns minutos pra que eu me desse conta de que aquilo era uma parede. Se eu tivesse lido Saramago aos 5 anos, lembraria da reação do primeiro cego dele, como relembrei agora, contando isso.

Pois bem, eu tinha certeza que ia ter problemas sérios, da ordem de perder a matéria e tudo. E perdi.

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Rumo à casa dos 74 kg!!! Desce, gráfico, desce!!!